Publicado em: 08/08/2025
Fortaleza, Ceará-Uma prática silenciosa e, para muitos, inesperada, começa a ganhar espaço em bares e restaurantes de Fortaleza. Estabelecimentos da capital cearense têm ajustado a taxa de serviço, cobrando entre 12% e 15% sobre o valor da conta, um aumento discreto, mas que impacta diretamente no bolso do consumidor. A mudança, que foge do tradicional percentual de 10%, levanta dúvidas e questionamentos sobre a legalidade e transparência da cobrança.
Em uma conta de R$ 200, por exemplo, a diferença é significativa: com 12% a mais, o total sobe para R$ 224. Se a taxa for de 15%, o valor salta para R$ 230. A prática tem gerado surpresa e indignação entre os clientes que só percebem o acréscimo no momento de pagar. "Eu sempre calculo 10% de gorjeta para o garçom, mas na hora de fechar a conta, vi que o valor era outro. A gente fica sem saber se questiona ou não", relata Carlos Lima, programador de 35 anos.
Apesar da crescente ocorrência, as entidades do setor parecem desconhecer a prática. O Sindicato de Restaurantes, Bares e Similares do Ceará (Sindirest Ceará) informou que não tem registros sobre o tema, embora esclareça que a alíquota de 10% não é uma regra fixa e pode variar. Em uma linha similar, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel CE) reconhece que alguns estabelecimentos podem reajustar a taxa, especialmente os de alto padrão, mas enfatiza que a informação deve ser apresentada de forma clara e transparente ao cliente.
Contudo, a situação gera apreensão entre os consumidores. Maria Santos, arquiteta de 42 anos, expressou seu descontentamento. "É uma falta de respeito com o cliente. Se a taxa vai ser maior, eles deveriam avisar antes de a gente sentar à mesa. Sinto que é uma forma de nos forçar a pagar um valor que não concordamos", afirma. Já para o vendedor autônomo Pedro Oliveira, de 28 anos, a questão é a falta de informação. "Se é opcional, eu deveria poder escolher quanto dar. Mas quando o valor já vem na conta com um percentual maior, a gente se sente obrigado a pagar o que está ali", conta.
O Procon Fortaleza, por sua vez, afirma que, até o momento, não recebeu reclamações formais sobre o assunto. Essa ausência de denúncias pode indicar que muitos clientes, assim como Carlos, Maria e Pedro, não sabem como proceder ou preferem não gerar um atrito no momento de fechar a conta. Mas, diante da frequência da cobrança, fica o alerta: o consumidor precisa estar atento e, acima de tudo, ciente de seus direitos. A gorjeta, afinal, é opcional e não pode ser imposta.