Apreensão Significativa de Medicamentos Não Autorizados no Aeroporto de Salvador

Apreensão Significativa de Medicamentos Não Autorizados no Aeroporto de Salvador

A Receita Federal realizou uma apreensão substancial na noite de quarta-feira (4 de junho), interceptando 90 canetas injetáveis para emagrecimento transportadas de forma irregular por uma passageira no Aeroporto Internacional de Salvador. A mulher de 31 anos, natural de Tauá, no Ceará, mantinha os produtos ocultos junto ao corpo durante sua viagem internacional. O valor estimado dos medicamentos apreendidos alcança R$ 400 mil no mercado nacional, contrastando significativamente com os R$ 50 mil que a passageira declarou ter investido na aquisição dos produtos. A abordagem foi coordenada após alerta da equipe da Receita Federal em Fortaleza, que havia identificado a passageira como suspeita antes mesmo de sua chegada a Salvador. 

Medicamentos Sem Aprovação Regulatória Brasileira

Entre os produtos apreendidos encontravam-se 60 unidades de Synedica Retatrutide e 30 de Mounjaro, medicamentos que apresentam diferentes status regulatórios no Brasil. O Retatrutide permanece em fase de testes clínicos e não possui autorização da Anvisa para comercialização no país, com previsão de possível liberação apenas a partir de 2026. Esta situação evidencia os riscos associados ao uso de medicamentos não aprovados pelas autoridades sanitárias nacionais, especialmente considerando que a passageira havia realizado uma rota internacional complexa, desembarcando de um voo da Air Europa procedente de Madri, com origem em Bruxelas, tendo Fortaleza como destino final. A ausência de aprovação regulatória representa não apenas uma questão legal, mas também de segurança para potenciais usuários destes produtos.

Desarticulação de Esquema Criminoso Organizado

Simultaneamente aos eventos no aeroporto, a Polícia Civil da Bahia deflagrou na quinta-feira (5) a Operação Mirakel, uma ação coordenada contra uma organização criminosa especializada em furtos de canetas emagrecedoras em estabelecimentos farmacêuticos da capital baiana. A operação resultou na prisão preventiva de dois indivíduos identificados como lideranças do esquema, localizados nos bairros de Nordeste de Amaralina e Pelourinho. O grupo é responsável por ataques a 23 farmácias nos bairros de Itapuã, Costa Azul, Armação, Pituba, Ondina, Barra, Graça, Cabula e Horto Florestal, com prejuízos estimados em aproximadamente R$ 2 milhões. A investigação revelou um esquema sofisticado onde um dos líderes especializava-se em cooptar adolescentes para executar os furtos, enquanto o outro participava diretamente das ações criminosas.

 Amplitude da Operação Policial e Evidências Coletadas

A Operação Mirakel executou 11 mandados de busca e apreensão, demonstrando a extensão da investigação policial. Durante as buscas, foram apreendidos diversos itens utilizados na execução dos crimes, incluindo mochilas de entregador, capas de chuva e casacos que serviam como disfarces para os criminosos. Adicionalmente, três pessoas foram conduzidas à delegacia após serem flagradas comercializando produtos sem comprovação de procedência legítima. Os crimes ocorreram entre fevereiro e maio de 2025, indicando uma operação criminosa de longa duração que impactou significativamente o comércio farmacêutico local. 

Contexto do Mercado Ilegal de Medicamentos Emagrecedores

A coincidência temporal entre a apreensão no aeroporto e a operação policial contra furtos em farmácias evidencia a crescente demanda por medicamentos emagrecedores e a consequente formação de mercados ilegais para suprir essa procura. O alto valor destes produtos no mercado brasileiro cria incentivos para atividades criminosas diversas, desde o contrabando internacional até furtos organizados em estabelecimentos comerciais. Esta situação reflete não apenas questões de segurança pública, mas também desafios regulatórios relacionados ao acesso a tratamentos para obesidade e controle de peso. A convergência destes eventos em Salvador destaca a necessidade de maior vigilância tanto nas fronteiras quanto no controle da comercialização destes medicamentos de alto valor, especialmente considerando os riscos à saúde pública associados ao uso de produtos não regulamentados ou obtidos através de canais ilegais.