Publicado em: 08/08/2025
Uma história de terror e dor, que se estendeu por anos, começou a ser desvendada. Gisele Oliveira, uma brasileira de 40 anos, foi presa em Coimbra, Portugal, sob a grave suspeita de ter matado cinco de seus sete filhos. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais, apontam para um método cruel: a mulher utilizava sedativos para deixar as crianças, com idades entre 10 meses e 3 anos, inconscientes antes de as asfixiar. A polícia também suspeita que ela tentou assassinar o filho mais velho e o marido.
A trama, que se desenrola desde 2008, veio à tona em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (7). Foi em Timóteo, Minas Gerais, que o primeiro crime teria ocorrido: Gisele é suspeita de ter tentado matar seu filho mais velho com um inseticida misturado na mamadeira. A criança sobreviveu após ser levada a um hospital. "No decorrer das investigações, descobrimos uma tentativa de homicídio ocorrida em 2008, quando teria sido encontrado veneno na mamadeira da criança", explicou a delegada Valdimara Teixeira de Paula, da Delegacia de Homicídios de Timóteo.
O padrão sombrio continuou. Em 2010, duas crianças morreram com um intervalo de apenas 32 dias. Uma das vítimas, a mais nova, apresentava sintomas de intoxicação por Fenobarbital, um medicamento antiepiléptico. Em 2019, mais duas mortes, também em um curto espaço de tempo. As autoridades, na época, não conseguiram ligar os casos, pois não houve registro de boletins de ocorrência. "As autoridades não tiveram acesso a essas mortes na época. Não foi registrado um boletim de ocorrência", afirmou a delegada.
O marido de Gisele também teria sido vítima em 2022, quando foi hospitalizado com sintomas de intoxicação por sedativos. Ele relatou ficar "quase sem consciência, cerca de 24 horas sonolento", um padrão similar ao que as crianças apresentavam.
O ponto de virada na investigação aconteceu com a última morte, em 2023. O alerta foi dado por uma assistente social, que ouviu uma tia da criança desabafar no hospital que aquela era a "quinta morte e que a justiça precisava de ser feita". Essa revelação desencadeou uma investigação meticulosa, que incluiu o depoimento de dezenas de testemunhas e a análise de prontuários. "As testemunhas relataram que as crianças ficavam sob os cuidados de parentes e sempre voltavam diferentes após passarem alguns dias com a mãe. Voltavam grogues, prostradas e com sintomas incomuns", detalhou o escrivão Leonardo Félix, que também revelou um áudio em que a própria suspeita afirmava ter matado as cinco crianças.
O caso choca pela sua natureza e por ter permanecido oculto por tanto tempo, revelando uma série de crimes que pareciam ter passado despercebidos.