Publicado em: 16/04/2025
Em um caso chocante que mobilizou a comunidade de Novo Lino, no interior de Alagoas, a Polícia Civil prendeu em flagrante Eduarda Silva de Oliveira, de 22 anos, nesta terça-feira (15). Segundo os investigadores, a jovem confessou ter assassinado sua filha recém-nascida, Ana Beatriz, de apenas 15 dias. O corpo da bebê foi encontrado dentro de um armário na residência da família, envolto em um saco plástico.
A localização da recém-nascida só foi possível após uma ação conjunta do pai da criança, Jaelson da Silva Souza, de 25 anos, que retornou de São Paulo, onde estava a trabalho, e do advogado da família. Eles conseguiram persuadir Eduarda a revelar o local onde havia ocultado o corpo da filha. Imediatamente, acionaram a polícia, que encontrou o cadáver junto a produtos de limpeza em um dos cômodos da casa.
A polícia informou que o pai da criança não teve participação no crime, mas investiga se houve o envolvimento de outra pessoa na ocultação do corpo. O advogado de Eduarda, José Wellington de Oliveira, relatou que a confissão ocorreu após a jovem ser confrontada com as diversas inconsistências em seus depoimentos anteriores.
A Polícia Civil aguarda o laudo da necropsia para determinar a causa exata da morte e verificar se o caso se enquadra em infanticídio – crime caracterizado pelo homicídio da própria filha durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal.
"O estado de abalo emocional pode configurar infanticídio, mas ainda não podemos confirmar. Ela apresentou múltiplas versões, o que nos faz tratar tudo com cautela. Só a perícia poderá esclarecer os fatos", explicou o delegado Igor Diego, da Dracco (Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado).
De acordo com os investigadores, Eduarda apresentou duas versões principais sobre a morte da filha. Inicialmente, alegou que a bebê teria se engasgado durante a amamentação na madrugada. Posteriormente, confessou ter asfixiado a criança com um travesseiro, motivada pelo choro incessante e pela privação de sono, agravada pelo barulho de um bar próximo à residência.
Nesta terça-feira, Eduarda passou mal e precisou ser levada de ambulância a uma unidade de saúde municipal. Na saída, o veículo foi alvo de pedras, mas ninguém ficou ferido. Após o atendimento médico, ela foi conduzida ao Cisp (Centro Integrado de Segurança Pública), onde uma manifestação já a aguardava. Por questões de segurança, a polícia decidiu que a mulher permanecerá detida em Maceió.
Falso Sequestro e Comoção:
O caso ganhou grande comoção e mobilizou policiais e moradores da cidade desde a última sexta-feira, quando Eduarda denunciou um suposto sequestro da bebê por quatro pessoas armadas em um ponto de ônibus às margens da BR-101. A versão inicial levantou suspeitas após depoimentos de testemunhas e análise de câmeras de segurança.
Confrontada pelas autoridades, a mãe apresentou outras quatro versões distintas ao longo do fim de semana, todas descartadas à medida que as investigações reuniam evidências contraditórias. As buscas pela recém-nascida envolveram a Secretaria de Segurança Pública, com o uso de drones, cães farejadores e equipes do Corpo de Bombeiros, que vasculharam diversas áreas da região.
Durante as buscas, Eduarda chegou a ser hospitalizada devido a um quadro de debilidade. Seu advogado relatou que ela não se alimentava nem bebia água desde o início do caso e foi medicada com antidepressivos, levantando a possibilidade de depressão pós-parto.
As investigações chegaram a levar à prisão de um homem em Pernambuco, com um carro semelhante ao descrito por Eduarda na versão do sequestro. No entanto, ele foi liberado após comprovar sua inocência.
A comoção e a pressão da comunidade levaram o secretário de Segurança Pública de Alagoas, Flávio Saraiva, a acompanhar pessoalmente as buscas na cidade. A confirmação da morte da bebê e a confissão da mãe trouxeram um desfecho trágico a um caso que abalou o estado.