Publicado em: 19/04/2025
Um inimigo invisível espreita nas águas e na lama, especialmente em Fortaleza, onde a leptospirose já se manifestou em 10 dos 16 casos confirmados no Ceará neste ano. Transmitida pela urina traiçoeira de roedores como ratos, ratazanas e camundongos, essa doença bacteriana, muitas vezes subestimada, pode evoluir para quadros graves e, em seu pior cenário, levar a morte. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) acende o sinal de alerta: a atenção e a prevenção são cruciais.
Os dados mais recentes, atualizados até o dia 5 de abril, revelam a distribuição preocupante da doença pelo estado. Além da concentração na capital, Caucaia registra dois casos, enquanto Boa Viagem, Limoeiro do Norte, Pereiro e Massapê contabilizam um caso cada. A letalidade silenciosa da leptospirose se manifesta também nas internações: pelo menos cinco pessoas precisaram de cuidados hospitalares entre janeiro e fevereiro deste ano, conforme o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS).
A faixa etária dos pacientes hospitalizados revela que a doença não escolhe idade: jovens entre 20 e 29 anos, adultos de 40 a 49 e de 50 a 59, além de um idoso, sentiram na pele a gravidade da leptospirose. As internações foram registradas em diferentes pontos do estado: Fortaleza (2), Juazeiro do Norte (1), Limoeiro do Norte (1) e Sobral (1). Felizmente, até o momento, não há registro de óbitos, mas a vigilância permanece constante.
A Urina Invisível: A Traiçoeira Rota de Transmissão:
A transmissão da leptospirose, ocorre de forma insidiosa, principalmente através do contato direto com água, lama ou solo contaminados pela urina de animais infectados, com os ratos como principais vilões nessa história. O hábito aparentemente inofensivo de caminhar descalço em áreas alagadas ou potencialmente contaminadas abre uma porta perigosa para a infecção. A bactéria penetra no organismo humano por meio de pequenas lesões na pele ou por mucosas expostas.
Em um cenário de eventos climáticos extremos, como enchentes e inundações, a situação se agrava. A disseminação pode se tornar endêmica, revelando a íntima ligação entre saúde pública e condições materiais de existência. Em Fortaleza e em todo o Ceará, a prevenção, que passa por medidas simples de higiene e o cuidado com o contato com áreas de risco, é a principal arma contra essa ameaça silenciosa que se esconde nas águas.