Publicado em: 08/11/2025
Curitiba, Paraná- No final da tarde da última sexta-feira, 7 de novembro de 2025, a região Sul do Brasil, inserida no vulnerável "Corredor de Tornados da América do Sul", foi atingida por uma catástrofe meteorológica sem paralelos recentes. Um tornado de força extrema, classificado preliminarmente como F-2, mas com indícios de ter atingido a categoria F-3 – com ventos destrutivos acima de 250 km/h –, rasgou o interior do Paraná, deixando um rastro de luto, medo e escombros.
Os dados mais recentes da Defesa Civil do Paraná revelam a dimensão da tragédia:
Data: Sexta-feira, 7 de novembro de 2025.
Cidades Afetadas: O epicentro da destruição foi Rio Bonito do Iguaçu, onde mais de 50% da área urbana foi deteriorada. Outros municípios com estragos significativos incluem Guarapuava, Candói e Laranjeiras do Sul.
Vítimas: Até o momento, o saldo é de 4 óbitos confirmados e 432 feridos, sendo que 9 deles estão em estado grave. Pelo menos duas pessoas ainda seguem desaparecidas.
Afetados: O total de pessoas impactadas ultrapassa as 10.000, com cerca de 1.000 desalojados e 28 desabrigados.
Vídeos caseiros gravados por moradores nos momentos do ataque do funil de vento revelam o terror absoluto e os momentos de pânico registrados, que se tornaram um dado pouco divulgado, mas crucial, da tragédia.
Em meio ao barulho ensurdecedor que muitos compararam ao de "um trem de carga" ou "um avião caindo", vários registros mostram pessoas gritando e chorando em desespero, sem conseguir acreditar no que estava ocorrendo. As filmagens, feitas de dentro de casas, mostram telhados sendo arrancados e estruturas colapsando em segundos, com o vento transformando objetos em projéteis.
Um morador, cuja identidade não foi divulgada, narra em um dos vídeos o desespero enquanto se abriga em um cômodo, clamando: "Meu Deus do céu, tombou o carro aqui! Tombou o caminhão com o vento. Olha isso, acabou com tudo Rio Bonito!"
Embora o tornado tenha atingido o município de Rio Bonito do Iguaçu, distante dos grandes centros de aviação, os efeitos do ciclone extratropical que o gerou causaram incidentes em aeroportos vizinhos.
O evento de uma aeronave da LATAM realizando um pouso lateral, conhecido como "pouso-caranguejo" (que é uma técnica segura para ventos cruzados), viralizou nas redes. Este episódio, porém, foi registrado em Navegantes, Santa Catarina – e não no Paraná diretamente – na mesma semana da passagem do ciclone. O procedimento, embora assustador, foi considerado normal pelos especialistas para as fortes rajadas de vento cruzado que sopravam no local.
No entanto, em outros incidentes aéreos recentes ligados a tempestades severas no Sul (como um voo da LATAM em 2022 que enfrentou granizo intenso no trajeto Paraguai-Brasil), relatos de passageiros evidenciam o pavor em situações de extrema turbulência.
Pabla Thomen, em entrevista a um site local, após um voo enfrentar uma tempestade severa no Sul: "Depois, a aeromoça disse no alto-falante para nos prepararmos em posição de impacto. Ali, eu abracei minha filha, mas meu cinto de segurança soltou e comecei a pedir socorro. Graças a Deus, um homem teve pena de nós e me ajudou."
O relato ilustra o pânico real e a tensão vivida por quem está a bordo de aeronaves enfrentando a fúria das tempestades que assolam a região Sul, em um momento em que a previsibilidade climática é cada vez mais desafiadora.
Os maiores estragos em Rio Bonito do Iguaçu — a cidade mais atingida — incluíram o colapso de silos de grãos, a destruição de postos de gasolina e o destelhamento de mais da metade das residências.
Situação Atual: A malha viária foi comprometida, e a falha total na rede elétrica e na distribuição de água dificulta o trabalho das equipes. Não há relatos de interrupção nas operações de grandes aeroportos do Paraná, mas a coordenação logística é complexa.
O que as autoridades pretendem fazer e quem se pronunciou? O Governador Ratinho Jr. (PR) prontamente se deslocou para a região e anunciou uma força-tarefa de reconstrução, classificando o evento como uma "catástrofe sem muitos precedentes". O Governo Federal agiu rapidamente por meio do Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, que anunciou o envio imediato de ajuda humanitária e a avaliação para liberação de verbas emergenciais para recuperação de infraestrutura, com a Defesa Civil Nacional em prontidão.
Rio Bonito do Iguaçu, Paraná:
Em entrevista a um site local, Júlio César da Silva, um morador da área central, resumiu o sentimento de não acreditar no que viu:
"Eu estava dentro de casa quando o telhado simplesmente sumiu. A gente só ouviu um barulho ensurdecedor, parecia um trem passando, mas muito mais alto. Em cinco minutos, minha casa estava sem telhado, com as paredes tremendo. O que me salvou foi o banheiro, o único cômodo que ficou de pé. Nunca na vida pensei que veria uma coisa dessas aqui. Perdemos tudo, mas estamos vivos, e isso é o que importa agora."
Esse desastre pode acontecer novamente? Sim. O Sul do Brasil sedia 70% dos registros de tornados no País e integra o Corredor de Tornados da América do Sul.
A principal causa do fenômeno é o encontro de massas de ar com características opostas (fria polar e quente tropical) geradas por frentes frias e sistemas de baixa pressão, como o ciclone extratropical que atingiu a região. O fato de um tornado F-3 (ou próximo a isso) ter se formado é um dado pouco divulgado que sublinha uma perigosa intensificação dos fenômenos. É um sintoma de um comportamento climático errático que exige investimentos urgentes em sistemas de alerta e adaptação da infraestrutura urbana para o que está se tornando o "novo normal".