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Brasil registra 1.450 feminicídios em 2024

Publicado em: 26/03/2025

Brasil registra 1.450 feminicídios em 2024
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Brasil registra 1.450 feminicídios em 2024: queda parcial não apaga emergência nacional
Em 2024, o Brasil contabilizou 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos ou lesões corporais seguidas de morte de mulheres, segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam 2025), divulgado pelo Ministério das Mulheres. Apesar de uma redução de 5,07% nos casos letais em relação a 2023, o número de feminicídios subiu 12 casos no mesmo período, revelando a persistência de uma crise que exige respostas urgentes. Os dados também apontam 71.892 estupros de mulheres no ano passado — uma média de 196 por dia —, com queda modesta de 1,44% ante 2023, sinalizando que a violência sexual segue como epidemia silenciosa.


Desigualdades raciais e domésticas amplificam riscos
A violência contra mulheres negras é desproporcional: 60,4% das agressões notificadas em 2024 atingiram pretas e pardas, enquanto 37,5% vitimaram brancas. O perfil dos agressores reforça padrões estruturais: 76,6% são homens, e 71,6% dos crimes ocorreram dentro de casa, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/MS). Para a ministra Cida Gonçalves, a redução parcial reflete avanços nas políticas públicas, como a campanha Feminicídio Zero, mas demanda maior engajamento social: “Precisamos de uma sociedade que não se cale, que intervenha e denuncie”, afirmou durante o lançamento do relatório.


Avances frágeis em meio a desafios históricos
O Raseam 2025, que reúne 328 indicadores socioeconômicos, revela contradições: mulheres são maioria como chefes de domicílio, mas recebem apenas 79,3% do rendimento masculino em empregos formais. Nas eleições municipais de 2024, 30,6% das candidatas a prefeita foram eleitas — avanço frente a 2020, mas ainda distante da equidade. A ministra destacou que o relatório deve orientar políticas públicas, mas alertou: “Não podemos nos aquietar. O desafio é manter a queda [da violência] enquanto combatemos desigualdades profundas”.


Entre dados e realidade: o caminho para o “feminicídio zero”
O documento, organizado em sete eixos — incluindo saúde, educação e participação política —, reforça a necessidade de abordagens intersetoriais. Para especialistas, a leve redução nos números não minimiza a gravidade: cada feminicídio representa uma rede de falhas, da lentidão judicial à cultura machista. Enquanto uma mulher é assassinada a cada 6 horas no país, o discurso da ministra ecoa como alerta: “Queremos feminicídio zero com democracia e igualdade real”. Em um ano marcado por cortes orçamentários em programas sociais, a pressão por recursos e ações efetivas permanece crítica — afinal, por trás das estatísticas, há vidas interrompidas e um sistema que ainda precisa provar sua capacidade de protegê-las.

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