Publicado em: 30/03/2025
Homem atropela adolescente intencionalmente em SP em caso que expõe violência urbana
Um homem de 45 anos foi detido pela Guarda Civil Metropolitana após atropelar propositalmente um adolescente de 14 anos, colega de seu filho, na zona sul de São Paulo. O crime, registrado em vídeo por câmeras de segurança, ocorreu na última quinta-feira (5) próximo à EMEF General Osório, no Ipiranga. Nas imagens, o jovem é atingido pelas costas por um carro, arrastado por metros e confrontado pelo agressor, que alegou um suposto desentendimento entre os estudantes. A vítima sofreu fraturas e traumatismo craniano, segundo boletim médico, e segue em observação.
Agressão reflete escalada de conflitos interpessoais nas periferias
Dados da SSP-SP mostram que 18% dos crimes violentos intencionais na capital em 2023 envolveram disputas entre conhecidos, muitas vezes iniciadas em ambientes comunitários. No caso, o agressor, liberado após pagar fiança, alegou “vingança” por uma suposta agressão do adolescente ao seu filho – versão negada pela vítima e não comprovada. Especialistas da ONG Sou da Paz alertam: 32% dos linchamentos registrados no estado nos últimos dois anos partiram de conflitos não mediados, como brigas entre jovens.
Escola afirma ter estrutura anti-bullying, mas caso ocorreu fora do perímetro
A Diretoria Regional de Educação do Ipiranga destacou que a EMEF General Osório possui Comissão de Mediação de Conflitos e atividades de prevenção ao bullying. No entanto, o ataque ocorreu fora da escola, levantando debates sobre a extensão do papel das instituições educacionais. Para Ivan Venturi, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “a falta de políticas integradas entre escolas, famílias e segurança pública deixa adolescentes vulneráveis a ciclos de violência”. Em 2023, o Disque 100 registrou 1.200 denúncias de agressões a jovens em entorno escolar no estado.
Liberação do agressor sob fiança reacende críticas à Justiça
A decisão de soltar o homem após audiência de custódia gerou revolta nas redes sociais. Na legislação brasileira, lesão corporal dolosa permite liberdade com fiança, mas juristas defendem revisão em casos com requintes de crueldade. “Atos que usam veículos como armas deveriam ter penas mais duras, similares às de tentativa de homicídio”, argumenta a promotora Ana Paula Garcia, do Gaeco/SP. Um estudo da Conectas Direitos Humanos aponta que 40% dos réus em crimes violentos no estado reincidem dentro de um ano após benefícios judiciais.
Trauma coletivo e os desafios da reparação
Além das sequelas físicas, a vítima e testemunhas enfrentam impactos psicológicos. A ONG Instituto Sou da Paz ofereceu apoio às famílias e à escola, reforçando que 70% dos jovens expostos a violência grave desenvolvem transtornos de ansiedade. Enquanto isso, a Defensoria Pública de SP avalia medidas protetivas para o adolescente agredido. O caso, que viralizou com 2,5 milhões de visualizações, pressiona autoridades a ampliarem programas de mediação comunitária – hoje presentes em apenas 15% das escolas paulistanas.