Criança de 4 anos leva cocaína à escola em Minas Gerais - Pagenews

Criança de 4 anos leva cocaína à escola em Minas Gerais

Publicado em: 23/03/2025

Criança de 4 anos leva cocaína à escola em Minas Gerais
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Criança de 4 anos leva cocaína à escola em MG: um alerta sobre os riscos do narcotráfico doméstico
Um episódio chocante em Itamonte (MG), cidade a 430 km de Belo Horizonte, expôs a cruel intersecção entre o narcotráfico e a inocência infantil. Na última semana, uma menina de 4 anos levou 16 papelotes de cocaína à escola municipal onde estuda, confundindo a droga com balas. O caso, que resultou na hospitalização de 20 crianças, acende um sinal vermelho sobre o acesso de menores a substâncias ilícitas dentro de seus próprios lares.


O que aconteceu na escola?


Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG), a criança encontrou os papelotes, embalados a vácuo, em posse do pai — que tem quatro registros anteriores por tráfico de drogas. A menina distribuiu parte do material aos colegas, e nove papelotes já estavam parcialmente consumidos quando a professora interveio. “Está ruim”, disse uma das crianças após ingerir o pó, levando à descoberta do incidente.


Ao ser chamado à escola, o pai da garota pegou um dos papelotes e fugiu, enquanto os outros 16 eram encontrados na mochila e na mesa da criança. Todas as 20 crianças da turma passaram por avaliação médica e exames toxicológicos. Felizmente, nenhuma apresentou complicações graves, mas o trauma psicológico é imensurável.


Um retrato sombrio do narcotráfico familiar


O caso não é isolado. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023) revelam que 12% das apreensões de drogas no país ocorrem em residências com crianças e adolescentes. Em Minas Gerais, a Polícia Civil registrou 1.240 ocorrências de tráfico doméstico em 2023, muitas envolvendo pais ou responsáveis. “Isso reflete uma realidade perversa: o uso da estrutura familiar para ocultar drogas, colocando menores em risco direto”, explica Dra. Mariana Costa, especialista em segurança pública.


Ainda segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 35% dos processos por tráfico no Brasil estão ligados a reincidências — cenário que se repete no caso do pai da menina, agora foragido. A Polícia Civil investiga o episódio, mas, até o momento, ninguém foi preso.


O impacto invisível nas crianças


Além do risco físico, a exposição precoce a drogas pode deixar marcas profundas. “Crianças nessa idade não têm maturidade para processar traumas assim. É essencial acompanhamento psicológico prolongado”, alerta Dr. João Pedro Almeida, psiquiatra infantil da USP. A escola já anunciou parceria com equipes de saúde mental para monitorar os alunos, mas especialistas reforçam a necessidade de políticas públicas amplas.


Prevenção: um dever coletivo


O caso de Itamonte ressalta a urgência de combater o tráfico intrafamiliar. Campanhas como “Casa Segura”, lançada em 2024 pelo Ministério da Justiça, buscam conscientizar pais e responsáveis sobre os perigos de armazenar drogas em ambientes com crianças. Paralelamente, escolas têm adotado programas de identificação precoce de vulnerabilidades, mas a infraestrutura ainda é insuficiente: apenas 40% das escolas públicas brasileiras contam com assistentes sociais, segundo o Censo Escolar 2023.


Enquanto a justiça não avança no caso, a pergunta que fica é: quantas crianças precisam ser expostas ao perigo antes que a sociedade enfrente, de forma contundente, a naturalização das drogas dentro de casa? A resposta exige mais do que ações punitivas — demanda um pacto pela infância protegida.

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