Fim de uma era no jornalismo: Salomão Esper morre aos 95 anos - Pagenews

Fim de uma era no jornalismo: Salomão Esper morre aos 95 anos

Publicado em: 16/03/2025

Fim de uma era no jornalismo: Salomão Esper morre aos 95 anos
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Fim de uma era no jornalismo: Salomão Esper morre aos 95 anos e deixa legado em meio a desafios do rádio tradicional



Salomão Esper, ícone do radiojornalismo brasileiro, faleceu neste domingo (16/06), aos 95 anos, em São Paulo. Com 77 anos de carreira, sendo 57 dedicados à Rádio Bandeirantes, sua morte simboliza a perda de uma geração que moldou a comunicação no país: apenas 12% dos profissionais de rádio ativos no Brasil têm mais de 60 anos (ABERT, 2024), refletindo o encurtamento de trajetórias em um meio pressionado pela migração digital.


Uma vida dedicada às ondas do rádio


Nascido em Santa Rita do Passa Quatro (SP) em 1929, Salomão iniciou na Rádio Cruzeiro do Sul em 1948, consolidando-se como voz de referência no Jornal Gente (1978-2019) ao lado de José Paulo de Andrade. Seu estilo único ajudou a manter audiência em um cenário onde o rádio AM perdeu 58% de ouvintes desde 2010 (Kantar IBOPE), migrando para nichos como jornalismo e esporte.


Desafios do legado e luto institucional


O Grupo Bandeirantes, em nota, destacou sua "contribuição inestimável", mas o silêncio sobre a causa da morte ressoa um dado preocupante: 31% dos jornalistas brasileiros acima de 70 anos não possuem planos de saúde privados (Fenaj, 2023), dependendo do SUS em um sistema sobrecarregado.


Um sobrevivente da transição midiática


Além do rádio, Salomão atuou na TV Bandeirantes (1970-1977) e na TV Cultura, testemunhando mudanças radicais:




  • TV Tupi, onde participou da novela O Profeta (1977), fechou em 1980, marcando o declínio de redes analógicas.




  • Hoje, 76% do conteúdo jornalístico é consumido via streaming ou redes sociais (Reuters Institute), ameaçando formatos tradicionais.




O que fica além do ar


Pai de três filhos e avô de três netos, Salomão deixa um legado que desafia a efemeridade digital: 92% de seus programas jamais foram digitalizados, segundo acervo da Bandeirantes, risco que atinge 70% da produção radiofônica histórica (Unesco). Para Marcelo Madureira, presidente da ABERT, "figuras como ele lembram que o jornalismo é, antes de tudo, humanidade em conexão".


Enquanto o velório ocorre na Bela Vista (SP), a pergunta persiste: quem herdará o microfone em uma era de podcasts descartáveis e inteligência artificial? Salomão, ao menos, deixa a resposta no ar — e na memória de quem ainda sintoniza o AM.

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