Publicado em: 28/03/2025
Conexão Perigosa no Mercado do Ouro
A StoneX, gigante financeira dos EUA, está sob investigação após relatórios do The Bureau of Investigative Journalism e Repórter Brasil revelarem que a empresa comprou milhões de dólares em ouro de fornecedores brasileiros ligados à mineração ilegal na Amazônia. Documentos apontam que um dos fornecedores da StoneX adquiriu ouro de cooperativas conectadas a operações irregulares, incluindo empresas já multadas pelo IBAMA por danos ambientais.
Rastro de Destruição na Amazônia
A mineração ilegal avançou 20% na Amazônia em 2023, segundo o MapBiomas, impulsionada pelo preço recorde do ouro (US$ 2,3 mil por onça em 2024) e pela demanda global em meio a crises geopolíticas. A prática, além de desmatar 12 mil hectares/ano, contamina rios com mercúrio: 90% das comunidades indígenas Yanomami têm níveis tóxicos do metal no sangue, conforme a Fiocruz.
Fiscalização Frágil e Riscos Globais
Apesar de a Amazônia ser crítica para frear o colapso climático (ela estoca 150 bilhões de toneladas de CO₂), a rastreabilidade do ouro brasileiro permanece falha. Estimativas do Instituto Escolhas indicam que 47% do ouro negociado no país entre 2019 e 2023 teve indícios de ilegalidade. A StoneX afirma cumprir "todos os protocolos legais", mas especialistas alertam: certificações não garantem origem ética.
Um Chamado à Transparência
Enquanto o Brasil debate projetos de lei para endurecer a fiscalização, como o PL 836/2021, ONGs pressionam por blockchain e satélites para rastrear o minério. “A omissão de grandes players financeiros alimenta crimes ambientais e violações de direitos humanos”, destaca Brenda Brito, pesquisadora do Imazon. O caso expõe uma cadeia de destruição que, sem controle, ameaça o futuro do bioma e a credibilidade do mercado global de commodities.