Publicado em: 17/03/2025
A Páscoa de 2024 no Ceará promete ser mais amarga para os chocólatras. O preço do cacau, matéria-prima essencial para a produção de chocolates, atingiu patamares históricos, impactando diretamente o mercado local. A tonelada do produto chegou a ser comercializada por US$ 11.040 na bolsa de valores de Nova York, um aumento de 163% em relação ao mesmo período de 2023.
A escalada nos preços é reflexo de problemas climáticos que assolam as lavouras dos principais produtores mundiais, localizados na África. O continente, responsável por 70% da produção global, enfrenta desafios como secas e doenças nas plantações. A Costa do Marfim, líder mundial na produção de cacau, com 45% do mercado, é um dos países mais afetados.
Apesar de o Brasil contribuir com cerca de 4% da produção mundial de cacau, o país, e o Ceará, não conseguem suprir a demanda interna. Em 2023, o mercado brasileiro demandou 229 mil toneladas, mas a colheita alcançou apenas 179.431 mil toneladas, uma queda de 18,5% em relação a 2022. No Ceará, a produção de cacau também sofreu com as adversidades climáticas, resultando em quebras de safra e aumento da dependência de importações.
A alta nos preços do cacau já se reflete nos chocolates comercializados no Ceará. As indústrias locais, que já vinham adotando estratégias para minimizar o repasse dos custos aos consumidores, como a redução do tamanho das embalagens, agora enfrentam um desafio ainda maior. A Páscoa de 2024 deve ter menos ovos de chocolate nas prateleiras e preços mais elevados. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima uma queda de 22,4% na produção de ovos de chocolate em relação a 2023.
A produção mundial de cacau enfrenta o terceiro ano consecutivo de déficit, com os países produzindo menos do que consomem. A Organização Internacional do Cacau (ICCO) estima que, desde a safra 2021/2022, o déficit acumulado seja de 758 mil toneladas. A situação exige medidas urgentes para garantir a sustentabilidade da produção e evitar um agravamento da crise no mercado de chocolates.