Publicado em: 17/03/2025
WhatsApp e o suposto "terceiro visto azul": entre a privacidade e os riscos da desinformação
Nos últimos dias, ganhou força um rumor que acendeu debates urgentes sobre privacidade e segurança digital: o suposto desenvolvimento de uma atualização do WhatsApp que revelaria se uma mensagem enviada pelo usuário foi reencaminhada a terceiros. A funcionalidade, identificada por um "terceiro visto azul", prometeria alertar quando conteúdos pessoais fossem compartilhados sem consentimento — uma resposta a preocupações crescentes sobre vazamentos e uso indevido de informações.
A ideia, em tese, buscaria fortalecer o controle dos usuários em um cenário global onde 46% das pessoas já se sentiram vulneráveis por terem mensagens privadas compartilhadas sem autorização (dados do Reuters Institute, 2023). Especulações sugeriam que a ferramenta já estaria em fase experimental, batizada de "Recibo de leitura avançado", e acessível na seção de Privacidade do aplicativo. No entanto, até o momento, não há confirmação oficial. O WABetaInfo, site especializado em atualizações beta do WhatsApp, não registrou qualquer menção ao recurso, e a página oficial da plataforma mantém silêncio, reiterando que o sistema atual limita-se a dois vistos azuis (confirmação de entrega e leitura).
A ausência de evidências concretas, contudo, não reduz a gravidade do debate. Em um ambiente marcado por aumento de 32% em casos de difamação e vazamentos via mensagens instantâneas no Brasil (Comitê Gestor da Internet, 2023), a demanda por transparência é legítima. Especialistas alertam que, caso o recurso exista, precisaria equilibrar a privacidade do remetente com a privacidade do reenvio — um dilema ético em plataformas que priorizam a criptografia de ponta a ponta.
Enquanto isso, o WhatsApp segue reforçando medidas contra desinformação, como limites para reencaminhamentos e alertas para mensagens "virais". A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ressalta que 85% dos usuários de redes sociais já receberam conteúdos falsos ou manipulados (2023), o que amplia o risco de danos reputacionais e polarização social.
A discussão sobre o "terceiro visto azul" expõe, portanto, uma tensão crítica na era digital: como proteger a autonomia do usuário sem ferir a confiança na comunicação privada? Até que haja esclarecimentos oficiais, a recomendação é cautela. Vazamentos não verificados podem alimentar ansiedades e golpes, como alerta o Procon-SP, que registrou 1.200 queixas relacionadas a fraudes digitais apenas no primeiro semestre de 2024.
Enquanto aguardamos posicionamentos formais, a situação reforça a necessidade de os usuários adotarem práticas seguras: evitar compartilhar dados sensíveis e confirmar atualizações apenas por fontes oficiais. A privacidade, hoje, é um direito frágil — e exige vigilância coletiva.