Alimentos ultraprocessados devem ser tratados com a mesma seriedade que o cigarro - Pagenews

Alimentos ultraprocessados devem ser tratados com a mesma seriedade que o cigarro

Publicado em: 24/04/2025

Alimentos ultraprocessados devem ser tratados com a mesma seriedade que o cigarro
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Ultraprocessados: uma ameaça comparável ao tabaco
Carlos Augusto Monteiro, professor emérito da USP e pesquisador do Nupens, alertou no Roda Viva (21/08): alimentos ultraprocessados devem ser tratados com a mesma seriedade que o cigarro. Assim como o tabaco, esses produtos estão ligados a doenças crônicas — responsáveis por 74% das mortes globais, segundo a OMS (2023). No Brasil, cerca de 20% das calorias consumidas por adultos vêm de ultraprocessados, agravando riscos de obesidade, diabetes e câncer.


Estratégias em comum: lucro acima da saúde
Monteiro destacou que as indústrias de tabaco e ultraprocessados compartilham táticas perigosas: negam evidências científicas, financiam pesquisas tendenciosas e investem em lobby para bloquear regulamentações. Dados do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (2023) revelam que gigantes do setor alimentício gastaram R$ 150 milhões em pressão política nos últimos dois anos. “Usam aromas artificiais e fórmulas hiperpalatáveis para criar dependência, assim como o cigarro”, explicou.


Migração perigosa: do cigarro aos alimentos
Com o declínio do tabagismo, parte das empresas de tabaco migrou para o setor alimentício, levando estratégias de manipulação sensorial. Exemplo? Biscoitos com “sabor amêndoa” sem nenhuma amêndoa na composição. Essas corporações dominam 60% do mercado global de alimentos, segundo relatório da FAO (2022), inundando prateleiras com produtos que prejudicam a saúde pública.


O caminho para a mudança: regulação e conscientização
Monteiro defende medidas urgentes: impostos mais altos, restrições à publicidade (especialmente para crianças) e rótulos frontais de alerta, como já adotado no Chile e no México. A Anvisa estima que políticas assim poderiam reduzir em 15% o consumo de ultraprocessados no Brasil até 2030. “Combater essa indústria salvará vidas, assim como ocorreu com o tabaco”, reforçou. A hora de agir é agora.

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