Publicado em: 23/03/2025
Histórico e urgente: primeira diretora do IFCE Fortaleza assume com desafios de gênero e inclusão
Após 115 anos, instituição cearense quebra barreira de liderança masculina, mas lacunas educacionais exigem ações imediatas
Adriana Guimarães Costa fez história neste mês ao se tornar a primeira mulher a assumir a direção-geral do IFCE Campus Fortaleza, fundado em 1909. A posse, acompanhada pelo ministro da Educação Camilo Santana, ocorre em um cenário onde apenas 12% dos cargos de liderança em institutos federais brasileiros são ocupados por mulheres (dados do Inep, 2023). A nomeação simboliza avanço, mas expõe desigualdades persistententes: no Ceará, 38% das jovens mães abandonam os estudos por falta de apoio (IBGE, 2023), realidade que Adriana busca mudar com a criação de uma creche para alunas.
Entre legados e urgências:
Professora do IFCE há 20 anos, Adriana ascendeu de coordenadora de curso a diretora em um sistema ainda marcado por assimetrias: dos 29 diretores de campi cearenses, apenas 7 são mulheres. Sua gestão prioriza:
Creche institucional: Projeto que pode impactar 320 mães estudantes do IFCE Fortaleza (segundo matrículas ativas);
Equidade na pesquisa: Apenas 33% dos bolsistas de iniciação científica na instituição são mulheres (dados internos, 2024);
Conexão comunitária: Parcerias para reduzir a evasão, que chega a 18% entre alunas de baixa renda (MEC, 2023).
Dados que demandam ação:
O Brasil tem 1,2 milhão de mães entre 15 e 29 anos fora da escola (Todos pela Educação, 2023);
A falta de creches públicas no Ceará atinge 43% das famílias (IPECE, 2024), afetando sobretudo mulheres negras e periféricas;
No Nordeste, 72% das jovens que engravidam antes dos 20 anos não retomam os estudos (UNICEF, 2023).
Um marco e suas responsabilidades:
A posse de Adriana integra um movimento tímido: dos 644 cargos de direção em institutos federais, apenas 102 são liderados por mulheres (MEC, 2024). Para a pedagoga Maria do Socorro Freitas, autora de "Gênero e Educação Profissional", "a creche não é um favor, mas um direito que democratiza o acesso ao conhecimento".
O caminho à frente:
Enquanto o IFCE Fortaleza planeja ampliar redes de pesquisa com indústrias locais, a nova diretora enfrenta o desafio de transformar estruturas secularmente excludentes. Como ela mesma destacou: "Ser a primeira não é um título, mas um compromisso com as que virão". Em um país onde a educação técnica ainda é um privilégio de poucos, cada cadeira ocupada por uma mulher é um passo contra a inércia histórica.