Publicado em: 26/03/2025
Alece amplia promoções na segurança pública cearense em meio a desafios estruturais
A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) aprovou nesta quarta-feira (26) a triplicação de vagas para promoção a tenente-coronel da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. A medida, proposta pelo governador Elmano de Freitas (PT), eleva de uma para três as promoções semestrais em cada corporação, antecipando em quatro anos a ascensão de oficiais – de 2030 para 2026. A decisão ocorre em um contexto onde 28% dos PMs cearenses deixam a carreira antes dos 15 anos de serviço, segundo o IPECE (2023), pressionando a necessidade de retenção de talentos.
Impacto na carreira: entre esperanças e críticas
O governo defende que a mudança oferece “perspectiva de carreira”, mas especialistas alertam para riscos. Um estudo da Universidade Federal do Ceará (2024) indica que apenas 12% dos oficiais promovidos rapidamente recebem treinamento em gestão de crises – habilidade crucial em um estado com 1.892 homicídios em 2023 (Secretaria de Segurança). Para o coronel Raimundo Costa (aposentado), “acelerar promoções sem investir em capacitação é como dar um carro sem ensinar a dirigir”.
Cenário de pressão: segurança pública sob teste
A medida chega em um ano crítico: o Ceará registrou aumento de 18% em roubos a residências no primeiro trimestre de 2024, enquanto o efetivo policial cresceu apenas 2,3%. O Sindicato dos PMs (SINPOL-CE) reconhece os avanços, mas cobra paralelamente reajuste salarial: um tenente-coronel ganha R$ 18,7 mil, valor 34% abaixo da média nacional para o posto (Dieese, 2024).
Próximos passos: entre expectativas e responsabilidade
Enquanto 540 oficiais aguardam promoção na PMCE, a mudança beneficiará 18 profissionais por ano. O desafio, segundo a ONG Instituto de Estudos Estratégicos (IEE), é evitar que a medida se torne apenas um “atalho burocrático”. “Promoções devem vir acompanhadas de plano de carreira transparente e investimento em inteligência”, afirma Karla Mendes, coordenadora do IEE. Com a lei sancionada, o estado terá até junho para publicar o novo edital – um teste de como equilibrar ambição institucional e realidade operacional.