Publicado em: 26/03/2025
Casas da Juventude Cearense: luz em meio às adversidades das periferias de Fortaleza
Em um estado onde 27% dos jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham (IPECE, 2023), as Casas da Juventude Cearense (CAJUs) surgem como resposta urgente à exclusão social. Nas Vilas Sociais de Genibaú, Canindezinho e Messejana, periferias fortalezenses marcadas por IDH abaixo de 0,7, esses espaços do Governo do Ceará combatem a vulnerabilidade com formação técnica, apoio psicológico e acesso à tecnologia – recursos ainda escassos para 43% da população jovem local.
Desigualdade e oportunidade: o desafio de romper ciclos
Enquanto o desemprego juvenil no Ceará atinge 31% (Dieese, 2024), as CAJUs oferecem cursos alinhados às demandas de um mercado que exclui quem vem das favelas. Design gráfico, produção audiovisual e empreendedorismo não são apenas habilidades: são armas contra a marginalização. “Muitos chegam aqui sem perspectiva. Nosso papel é mostrar que a periferia também produz inovação”, afirma Alisson Francisco, auxiliar pedagógico. O impacto vai além do profissional: 68% dos atendidos relatam melhora na saúde mental, segundo relatório interno da Secretaria da Juventude (2024).
Estrutura que rompe barreiras: muito além de “espaços instagramáveis”
Com salas multiuso, coworking equipado e atendimento psicossocial, as unidades funcionam como trincheiras contra a evasão escolar e a violência. A cada mês, 150 jovens participam de oficinas que misturam tecnologia e cultura local – como cursos de turismo com roteiros sobre a história das comunidades. “Antes, eu não via sentido nos estudos. Aqui aprendi que educação é ferramenta de transformação”, confessa Thayla Ewellin Torres, 17 anos, do Genibaú.
Do acesso à autonomia: histórias que desafiam estatísticas
Leonardo Matias, 19 anos, personifica a mudança: com apoio técnico das CAJUs, transformou um projeto de vendas online em microempresa formalizada. Casos como o dele refletem um salto qualitativo: 40% dos egressos do programa ingressaram no mercado de trabalho em 2023, contra 12% da média estadual. A fórmula combina capacitação dura (como certificação em fotografia) e habilidades socioemocionais – 85% dos cursos incluem módulos sobre gestão de conflitos e planejamento de vida.
Inscrições e futuro: um chamado à ação coletiva
Funcionando de segunda a sábado, as unidades recebem inscrições presenciais, priorizando moradores dos entornos. O desafio agora é escalar o modelo: enquanto 1.200 jovens são atendidos anualmente, o Ceará tem 2,3 milhões de habitantes entre 15 e 29 anos. Para especialistas em políticas públicas, como a professora Raquel Souza (UFC), “as CAJUs provam que investir na juventude periférica não é gasto, mas salvação social”. Em tempos de cortes federais em educação, esses espaços se tornam não apenas oportunidade, mas resistência.