Publicado em: 22/11/2025
Juazeiro do Norte, Ceará- Continua a intensa repercussão em Juazeiro do Norte, na Região do Cariri, sobre o grave caso de um bebê que sofreu necrose em parte do pé após um suposto erro na aplicação de medicação intravenosa em uma unidade hospitalar. O incidente forçou a realização de uma complexa cirurgia de reparação, elevando a preocupação sobre a segurança e os protocolos de atendimento na saúde pública.
A criança, uma bebê de seis meses, havia sido internada na unidade hospitalar para tratar um quadro de doença respiratória.
O suposto erro na aplicação da medicação intravenosa ocorreu na madrugada do dia 21 de junho, por volta das 5h30. A necrose – morte do tecido – foi identificada na região do pé, indicando uma possível extravasação da medicação para fora da veia ou uma aplicação inadequada da substância por parte de uma técnica de enfermagem. A aplicação equivocada teria causado inchaço imediato, formação de bolhas e queimaduras aparentes na perna da criança.
Atualmente, a criança convive com uma cicatriz permanente, dores recorrentes e segue em fisioterapia contínua para tentar evitar limitações funcionais no futuro.
A extensão da lesão exigiu uma intervenção cirúrgica de alta complexidade. Para reparar o dano e cobrir a área necrosada, médicos precisaram realizar um procedimento de enxerto de pele. A pele utilizada para a reparação foi retirada da coxa da própria criança.
O enxerto é um procedimento delicado, especialmente em recém-nascidos e lactentes, e visa garantir a cicatrização da área afetada e minimizar sequelas futuras, como a perda de mobilidade ou deformidades permanentes no pé.
O caso gerou imediata mobilização da família, que buscou apoio jurídico e denunciou o ocorrido. A Secretaria Estadual da Saúde (SESA) e o próprio hospital de Juazeiro do Norte abriram investigações internas para apurar as circunstâncias do suposto erro médico.
Sumiço de Prontuário: Ao solicitar cópias do prontuário médico para instruir uma ação judicial, a família se deparou com um grave problema: a ausência de registros justamente nos dias em que o erro teria ocorrido, entre 21 e 23 de junho. As folhas desapareceram, restando apenas os documentos referentes à internação inicial e aos dias posteriores.
Para os responsáveis legais da bebê, o desaparecimento indica possível tentativa de ocultação da falha. Uma ação judicial já foi ajuizada contra o município de Juazeiro, que administra a unidade hospitalar, buscando responsabilização e ressarcimento pelos danos.
Profissionais de saúde envolvidos no incidente foram afastados preventivamente enquanto duram as apurações. A unidade hospitalar, por meio de nota, lamentou o ocorrido, afirmou estar prestando todo o suporte necessário à família, e se colocou à disposição para colaborar integralmente com os órgãos de fiscalização e justiça.
O incidente serve como um alerta severo sobre a importância de protocolos rigorosos de segurança do paciente, especialmente na pediatria. A aplicação de medicamentos intravenosos exige atenção redobrada em crianças, devido à fragilidade das veias e ao risco de complicações graves em caso de extravasamento.
A comunidade e as autoridades de saúde do Cariri aguardam a conclusão das investigações para que as responsabilidades sejam definidas e medidas preventivas sejam implementadas para evitar que casos como este se repitam. A recuperação plena do bebê segue sendo a prioridade de toda a equipe médica.