Publicado em: 18/05/2025
Informações de Frankfurt, Alemanha
Madri, Espanha - Uma história digna de filme de suspense aéreo agitou os bastidores da aviação europeia e veio à tona recentemente através de um relatório da Comissão de Investigação de Acidentes e Incidentes de Aviação Civil da Espanha (CIAIAC). Um voo da renomada companhia aérea alemã Lufthansa, com 205 almas a bordo, viveu momentos de pura apreensão ao ficar cerca de dez minutos sem supervisão na cabine de comando. O motivo? Uma sequência inesperada de eventos: a saída momentânea do comandante para usar o banheiro e um mal súbito que acometeu o copiloto.
O voo LH77X, que decolou de Frankfurt, na Alemanha, com destino ensolarado a Sevilha, na Espanha, no dia 17 de fevereiro de 2024, mal podia imaginar o drama que se desenrolaria em pleno ar. Segundo o detalhado relatório da CIAIAC, o comandante, antes de se ausentar da cabine por "necessidades fisiológicas", manteve uma conversa rotineira com o copiloto sobre as condições meteorológicas e os procedimentos de operação da aeronave. Tudo parecia transcorrer dentro da normalidade.
No entanto, o que se seguiu foi um cenário de crescente angústia. Ao retornar do banheiro, por volta das 10h39, o comandante inseriu a senha para reabrir a porta da cabine, mas para seu desespero, a entrada foi negada. As tentativas persistiram, mas a porta permanecia inexplicavelmente trancada. A situação ganhou contornos ainda mais preocupantes quando um tripulante tentou contato telefônico com a cabine, mas nenhuma resposta foi obtida.
A razão para o silêncio e a porta trancada logo se revelou. O relatório descreve o copiloto como estando "pálido" e "suando profusamente". Com um esforço considerável, o copiloto conseguiu, enfim, destravar a porta, revelando um quadro que levantou imediata preocupação médica. Prontamente, foi socorrido pelos tripulantes e por um passageiro a bordo, que levantou a suspeita de um ataque cardíaco.
Diante da emergência médica em altitude, a decisão foi imediata: o Boeing 737-800 da Lufthansa teve seu curso desviado para o Aeroporto Internacional Adolfo Suarez Madri-Barajas, onde realizou um pouso de emergência. A prioridade era garantir o atendimento médico urgente ao copiloto. A inesperada escala em Madri resultou em um atraso significativo para os passageiros, que só puderam retomar sua viagem para Sevilha cinco horas depois do pouso de emergência.
Em solo, o copiloto recebeu atendimento médico, e o diagnóstico inicial apontou para um possível transtorno convulsivo. Surpreendentemente, essa condição não havia sido detectada nos exames médicos de rotina aos quais o profissional era submetido, e ele não possuía restrições para voar. Contudo, após o incidente, seu certificado médico foi imediatamente suspenso.
Até o momento, a companhia aérea Lufthansa não emitiu um pronunciamento oficial sobre o ocorrido, mas é sabido que a empresa segue as rigorosas diretrizes estabelecidas pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA). Diante da gravidade da situação, a comissão espanhola responsável pela investigação do incidente emitiu uma recomendação formal à EASA. O órgão regulador europeu deverá considerar, a partir de agora, a obrigatoriedade da permanência de duas pessoas autorizadas na cabine de comando durante todas as fases do voo.
Este episódio angustiante serve como um alerta crucial para os protocolos de segurança aérea e para a importância de medidas preventivas que garantam a integridade dos voos e a segurança de passageiros e tripulantes. Os dez minutos de voo sem supervisão no céu europeu certamente levarão a uma revisão rigorosa dos procedimentos, visando evitar que situações semelhantes se repitam e coloquem em risco a vida de centenas de pessoas. A segurança nos céus é uma prioridade que exige atenção constante e aprimoramento contínuo