Publicado em: 26/03/2025
Fuad Noman, prefeito reeleito de Belo Horizonte, morre aos 77 anos após lutar contra pneumonia e câncer
Fuad Noman, prefeito reeleito de Belo Horizonte, faleceu nesta quarta-feira (26), aos 77 anos, após 23 dias internados no Hospital Mater Dei. O político enfrentava um quadro grave de pneumonia, agravado por complicações respiratórias decorrentes de um câncer linfático diagnosticado em julho de 2024. Sua morte interrompe um legado de mais de cinco décadas dedicadas ao serviço público, marcando um momento de luto para a capital mineira.
Trajetória política: da economia à gestão municipal
Nascido em Belo Horizonte em 1947, Fuad Noman construiu uma carreira sólida em instituições como o Banco Central e o Tesouro Nacional, antes de ingressar na política partidária. Alinhado ao PSDB e posteriormente ao PSD, ocupou cargos-chave no governo de Minas Gerais, incluindo a Secretaria da Fazenda e a presidência da Gasmig. Em 2022, após assumir a prefeitura com a renúncia de Alexandre Kalil, foi reeleito com 53,73% dos votos, consolidando-se como figura central na administração de obras e investimentos na cidade.
Batalha contra o câncer e internações recorrentes
Em julho de 2024, Noman revelou publicamente o diagnóstico de linfoma, iniciando um tratamento que incluiu cirurgia e quimioterapia. Apesar de declarar o fim do tratamento em outubro, suas internações se intensificaram: em novembro, ficou 15 dias hospitalizado por dores nas pernas, e em dezembro, ausentou-se da diplomação e posse devido a desidratação e diarreia. Sua última internação, em 3 de janeiro, foi motivada por insuficiência respiratória aguda, culminando em falência múltipla dos órgãos.
Literatura como refúgio e legado cultural
Além da vida pública, Fuad Noman deixou três livros publicados, nos quais explorava a poesia do cotidiano e as complexidades humanas. Em Marcas do Passado (2022), seu último trabalho, mesclou experiências políticas com reflexões sobre amor e perda. Sua escrita, como ele mesmo definiu, era um antídoto contra a frieza dos números – área que dominou como economista.
Transição de poder e desafios para Belo Horizonte
Com a morte de Noman, o vice-prefeito Álvaro Damião (União) assume interinamente o Executivo, em um momento crítico para a cidade. Projetos emblemáticos, como a expansão do metrô e a revitalização da região central, agora dependem de continuidade em meio a incertezas políticas. A ausência do prefeito em cerimônias recentes já sinalizava fragilidade, e seu falecimento deixa um vácuo que exigirá articulação rápida para evitar paralisações. A Câmara Municipal terá 30 dias para convocar novas eleições ou confirmar a posse definitiva de Damião, em um processo que testará a estabilidade da coalizão governista.