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Motorista de aplicativo atropela 10 pessoas de propósito

Publicado em: 23/03/2025

Motorista de aplicativo atropela 10 pessoas de propósito
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Atropelamento em série no Rio expõe falhas em segurança de aplicativos e aterroriza comunidade
Caso revela riscos de fraudes em plataformas de transporte e acende alerta para violência urbana.


Um motorista de aplicativo foi preso em flagrante no sábado (22) após cometer um ataque premeditado que chocou o Rio de Janeiro: atropelou dez pessoas intencionalmente em Nova Iguaçu, na região metropolitana. O crime, classificado como dez tentativas de homicídio, ocorreu após uma discussão com passageiros que haviam desembarcado de seu veículo. Entre as vítimas, duas ficaram gravemente feridas na primeira investida, na noite de sexta-feira (21), no bairro Comendador Soares.


Detalhes do crime e a resposta das autoridades


De acordo com a Polícia Civil, o homem – cuja identidade não foi divulgada – usou o carro como arma, jogando o veículo contra pedestres na calçada de um bar. Após o ataque, fugiu, mas foi localizado em menos de 24 horas na Zona Oeste do Rio, graças a um cruzamento de dados tecnológicos que rastreou o automóvel. Durante a investigação, descobriu-se que ele dirigia ilegalmente: não tinha Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e fraudava o cadastro em aplicativos usando a identidade do irmão mais novo.


O caso expõe uma falha crítica em plataformas de transporte por aplicativo. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023) indicam que 15% dos motoristas registrados em apps no Brasil já tiveram a CNH suspensa ou cancelada, e 8% utilizam documentos de terceiros – prática que burla sistemas de verificação.


Impacto social e a escalada da violência urbana


O ataque reforça um padrão alarmante: segundo o Anuário da Violência (2024), o estado do Rio registrou 142 crimes intencionais com veículos como armas em 2023, um aumento de 22% em relação a 2022. Especialistas alertam que a combinação de impunidade, acesso ilegal a profissões regulamentadas e tensões sociais cria um cenário propício para tragédias como essa.


“Esse caso não é isolado. Mostra como a falta de fiscalização rigorosa em apps de transporte pode colocar vidas em risco”, afirma Carla Lima, pesquisadora em segurança pública da UFRJ. “Além disso, reflete a banalização da violência no trânsito, transformado em palco para crimes passionais ou vingativos.”


Resposta das plataformas e medidas urgentes


Após o episódio, representantes de aplicativos de transporte afirmaram, em nota, que “reforçarão a verificação biométrica e farão auditorias periódicas em parceria com órgãos de trânsito”. Ainda assim, a Defensoria Pública do RJ cobra transparência: “É inaceitável que criminosos circulem sob falsas identidades. As plataformas precisam ser responsabilizadas civilmente por negligência”, declarou o defensor Marcos André Oliveira.


Enquanto as vítimas se recuperam – uma segue internada em estado grave –, a comunidade de Nova Iguaçu organiza vigílias por justiça. O acusado aguarda julgamento e pode pegar até 40 anos de prisão, se condenado por todas as tentativas de homicídio.


O recado é claro: segurança pública exige vigilância constante, das autoridades às empresas de tecnologia. Enquanto brechas existirem, vidas seguirão em risco.


Fontes: Polícia Civil do RJ, Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023), Anuário da Violência (2024).

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