Publicado em: 20/05/2025
Uma decisão da França está gerando uma verdadeira tempestade na Guiana Francesa, seu território ultramarino encravado na Amazônia. O governo francês pretende construir uma prisão de segurança máxima no coração da floresta, com foco em traficantes de drogas e radicais islâmicos. O projeto, que custará cerca de US$ 450 milhões (equivalente a R$ 2,5 bilhões) e terá capacidade para 500 presos, já está causando uma onda de protestos entre moradores e autoridades locais.
A ideia de erguer uma fortaleza em meio à densa selva amazônica não é nova, estando prevista desde 2017. Agora, o ministro da Justiça francês, Gerald Darmanin, confirmou a intenção ao jornal Journal du Dimanche, com previsão de que a unidade esteja pronta em 2028, no município de Saint-Laurent-du-Maroni.
O Ministério da Justiça da França justifica a construção com o argumento de que a localização estratégica permitirá isolar permanentemente os chefes de grandes redes de tráfico de drogas de suas conexões criminosas. Além disso, das 500 vagas, 15 serão destinadas a condenados por crimes relacionados ao radicalismo islâmico, uma medida que visa conter a influência e a organização desses grupos.
No entanto, a população e as autoridades locais da Guiana Francesa estão em pé de guerra. Os protestos refletem preocupações diversas:
A Guiana Francesa, apesar de ser parte da França, possui particularidades sociais e ambientais que a distinguem do continente europeu. A imposição de um projeto de tal magnitude sem amplo consenso e sem considerar as especificidades locais é vista como uma afronta à autonomia e aos interesses da população guianense.
A construção dessa "selva de concreto" na Amazônia francesa é um caso que ilustra a complexidade das decisões governamentais em territórios ultramarinos, especialmente quando elas colidem com as aspirações e preocupações das comunidades locais. O debate promete ser longo e acalorado até que a primeira pedra dessa polêmica prisão seja, ou não, lançada.