Publicado em: 23/05/2025
Por: Redação Page News
Fortaleza, CE – O coração, órgão vital que dita o ritmo da vida, tem chamado a atenção de médicos e pesquisadores em todo o mundo. A percepção de que estamos vivenciando uma epidemia de arritmias cardíacas ganha força, com dados que indicam um aumento da prevalência dessas condições, inclusive no Brasil e no Ceará. Mas o que são essas arritmias, por que elas estão se tornando mais comuns e o que pode ser feito?
Arritmias cardíacas são alterações no ritmo normal dos batimentos do coração. Um coração saudável bate entre 60 e 100 vezes por minuto em repouso, de forma regular. Quando há uma arritmia, essa frequência pode ser muito rápida (taquicardia), muito lenta (bradicardia) ou irregular.
A arritmia mais comum e que gera grande preocupação é a Fibrilação Atrial (FA). Nela, os átrios (câmaras superiores do coração) batem de forma descoordenada e rápida, em vez de contrair e relaxar de maneira organizada. Isso prejudica o bombeamento de sangue e, por conta da possibilidade de coagulação sanguínea e formação de trombos, a FA pode levar a complicações graves e fatais, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a Insuficiência Cardíaca.
No Brasil, as Doenças Cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte. Embora a prevalência geral de DCV tenha sido estimada em 6,1% da população em 2019 (Estudo GBD 2019) e as taxas padronizadas por idade tenham diminuído em algumas categorias, o envelhecimento populacional e a maior exposição a fatores de risco estão impulsionando o aumento de condições como as arritmias.
"Estamos, sim, observando um aumento na incidência de arritmias, e a fibrilação atrial é um dos grandes focos de preocupação", afirma o Dr. Carlos Bastos, cardiologista e arritmologista em Fortaleza. "O envelhecimento da população é um fator central. Quanto mais envelhecemos, maior o risco de o sistema elétrico do coração sofrer desgastes e apresentar irregularidades."
Para o Ceará, dados específicos sobre arritmias isoladas são mais difíceis de desagregar dos grandes estudos de DCV. No entanto, o estado segue a tendência nacional, com uma carga de doenças cardiovasculares significativa. Em 2021, a taxa de mortalidade padronizada por idade de AVC isquêmico por 100 mil habitantes no Ceará foi de 33,6 (28,4-38,2), indicando a relevância da prevenção e do tratamento de condições como a fibrilação atrial, que são fatores de risco para o AVC.
A "epidemia" de arritmias pode ser atribuída a uma combinação de fatores:
As arritmias podem ser assintomáticas, ou seja, a pessoa não sente nada e só descobre a condição em exames de rotina. No entanto, quando presentes, os sintomas podem ser bastante incômodos e assustadores:
"Lembro da primeira vez que senti algo diferente. Foi uma 'batedeira' forte, como se meu coração fosse sair pela boca. Achei que era ansiedade", relata Dona Maria, de 68 anos, paciente com fibrilação atrial em Fortaleza. "Depois, comecei a sentir um cansaço que não passava e tonturas. Fui ao médico, fiz exames e descobri a arritmia. No começo, dá um medo muito grande, a gente pensa no pior."
Sem tratamento, as arritmias cardíacas podem ter consequências graves:
A boa notícia é que as arritmias têm tratamento. "O diagnóstico precoce é fundamental", explica o Dr. Carlos Bastos. "Nem toda arritmia é grave, mas todas precisam ser avaliadas. O tratamento depende do tipo de arritmia, da causa e da gravidade dos sintomas e riscos."
As opções de tratamento incluem:
"É fundamental que as pessoas não negligenciem sintomas como palpitações, falta de ar, tontura ou desmaio", reforça o Dr. Bastos. "Buscar um cardiologista para avaliação é o primeiro passo para um diagnóstico correto e um tratamento eficaz, garantindo uma vida plena e saudável mesmo com uma arritmia controlada."